Saturday, September 30, 2006

Amor à distância

Que me desculpe quem vive um amor à distância, mas para mim, é uma situação insustentável. Eu não consigo entender como duas pessoas topam namorar à quilometros de distância um do outro, se vendo poucas vezes, tentando suprir a saudade pelo telefone. Isto é, quando realmente existe saudade, porque a coisa mais vista por aí é um dos dois se cansar da situação e sair arrajando casos mais fáceis, onde o afeto está mais perto fisicamente.
O namoro à distância pode ser até muito bonito teoricamente, mas na verdade, ele é uma coisa bastante irreal. Para mim, amor de verdade é feito de cotidiano: encontrar a pessoa descabelada, com a cara inchada de sono, aguentar o mau humor, o stress, o cansaço. Amar de verdade é segurar a mão de quem a gente ama quando a pessoa está pendurada na privada vomitando tudo o que comeu. Ou, talvez com menos exagero, por a comida no prato porque o (a) namorado(a) detesta colocar a própria comida no prato.
O que acontece no amor à distância é paixão, pura e simplesmente. A diferença do amor e da paixão são estas: na paixão, vemos a pessoa envolvida numa espécie de neblina: só enxergamos suas qualidades. Já no amor, passamos a ver as qualidades e os defeitos e, apesar deles, continuamos amando a pessoa porque, na verdade, somos feitos de qualidade e defeitos, e quando alguém resolve nos amar, temos de ser amados por inteiro.
Eu acho que a maioria desses namoros à distância não dão certo por dois motivos: primeiro que sempre um se cansa. Segundo porque quando se passa a conviver com o parceiro, se descobre que ele não era tudo aquilo. E o namoro acaba.
É por isso que eu acho que o amor, de verdade, é feito de pequenas coisas que só o dia-a-dia pode nos dar...
"...Não alimento amor por telefone, isso é ilusão
Não adianta falar de amor ao telefone, isso é ilusão
Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião
Que é pra você chegar mais rápido ao meu coração
Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da sua voz é estar aqui
No ouvido do meu coração..." (Tele-fome/Jota Quest)

Saturday, September 23, 2006

Aventuras no ônibus



Quem pega ônibus todo dia sabe como é dramática a vida de um cidadão dependente deste torturante meio de transporte. Eu, como a maioria dos universitários, pego ônibus todos os dias, pra ir e voltar, e passo 1h30, quase 2h00 dentro daquela geringonça que pula mais que um cabrito.
Pois bem, um dia desses eu não estava com sorte. Sai da minha sala de aula às 22h05. O ônibus passa às 22h10. Ao chegar na rua (depois de descer quatro andares pelas escadas, etc.), me lembrei que na noite anterior, o veículo tinha passado 5 minutos atrasado. "Então dá tempo de correr para o outro ponto e não ir de ônibus lotado" pensei, ingenuamente. Triste engano. Quando estava no meio do caminho, o ônibus passa, e eu, já conhecendo o motorista, nem tentei fazer o homem parar. Fiquei com muita vontade de chorar, mas fui pro ponto e peguei o primeiro ônibus que me levava até minha cidade (o que perdi me deixa na porta de casa, já o que eu peguei, pára num terminal, onde temos que pegar outro ônibus pra conseguir chegar no lar). Fui, com um cara cochilando do meu lado e me esmagando contra a janela, mas tudo bem. Foi quando cheguei no terminal que cometi um GRANDE mico.
O ônibus dá uma guinada enorme pra entrar nesse maldito terminal e bem nessa hora eu levantei, me segurei num cano enquanto me ajeitava com minha pasta e bolsa. Quando vi que ia cair, calculei que encostaria minha perna no banco, então daria pra me apoiar, mas não foi isso o que aconteceu. Eu cai com tudo, que nem uma pamonha. Um cara ainda teve a pachorra de olhar pra mim e dizer: "É, tem que se segurar!". Baaahhhhhhh!!!
Depois desse episódio, me sentei num banquinho vazio do terminal e comecei a rachar o bico, chorando de rir, sozinha. De repente, aparece um motorista e fica me olhando, como se eu fosse louca, por estar gargalhando sozinha e, aparentemente, sem motivo nenhum. Oras, depois de toda essa odisséia, ainda fechei a noite com chave de ouro: passando por doida!

Saturday, September 09, 2006

Mudanças


Eu sou pessoa que tem muita dificuldade em lidar com as mudanças radicais. Mudanças que acontecem gradativamente, principalmente as de personalidade, me são bastante naturais e até boas, já que as pessoas mudam e mudam ao longo da vida. Agora mudanças bruscas me são como traiçoeiros tapas no rosto: bagunçam a nossa vida, deixam tudo de pernas para o ar.
Imagine dois anos de uma vida sendo vividos da mesma forma. Agora, de repente, em seis meses, tudo muda, as coisas já não são as mesmas. Foi uma mudança tão rápida que eu ainda não consegui analisar se foi boa ou ruim. A única coisa que consigo pensar é que está sendo difícil, muito difícil me acostumar à minha nova situação.
O pior é que não é só a sensação de "perda do chão". É um misto de solidão, saudade, ciúme e vazio. Desses todos, o ciúme prevalece, claro. Eu tento me acalmar, me tranquillizar, mas não consigo, pois o coração não é terra de ninguém... infelizmente.

ANTES QUE SEJA TARDE - PATO FU
Olha, não sou daqui
Me diga onde estou
Não há tempo não há nada
Que me faça ser quem sou
Mas sem parar pra pensar, sigo estradas, sigo pistas pra me achar
Nunca sei o que se passa com as manias do lugar
Porque sempre parto antes que comece a gostar
De ser igual, qualquer um, me sentir mais uma peça no final
Cometendo um erro bobo, decimal

Na verdade continuo sob a mesma condição
Distraindo a verdade e enganando o coração

Pelas minhas trilhas você perde a direção
Não há placas nem pessoas informando aonde vão
Penso "Outra vez estou sem meus amigos"
E retomo a porta aberta dos perigos...

Tuesday, September 05, 2006

Tudo pro alto.




Existem dias em que nada dá certo; existem dias apressados, parece que a gente acorda correndo, come correndo, vive correndo; têm dias que os problemas crescem e as soluções parecem cada vez mais distantes. A única coisa que conseguimos pensar e até mesmo suspirar é: "Ahh, que vontade de sumir!".
Eu, por exemplo, quando acordo assim, só consigo pensar em um cenário: uma dia lindo, um céu sem nuvens, uma praia de água azul e areia branca, muitas palmeiras e, amarrada nelas, uma rede bem grande, convidando a balançar. Só que é quase impossível sair do nosso dia-a-dia e fugir para um paraíso desse: temos de nos conformar com o escritório, com o céu cinzento, com os prédios, com a fumaça, com as buzinas, com a roupa para lavar. E é aí que desenvolvemos táticas para extravasar toda nossa frustração.
Tem gente que come algo muito gostoso, tem gente que vai para o salão de beleza, tem gente que vai ler um livro (um romance, de preferência). Tem gente, por sua vez, que é mais direta: simplesmente desliga o telefone, o celular, o pager, o bip, larga tudo, pega o carro e vai dar uma volta por aí, pra esfriar a cabeça. Ou então, quando não tem carro, vai olhar o mar, dar uma volta na areia chutando as ondas pequeninas que molham os pés. Eu, quando estou no meu limite, dou um aviso bem alheio, do tipo "Vou dar uma andada", e saio de casa me sentindo "sem lenço e sem documento", experimentando a sensação de liberdade que o vento traz quando passa no rosto e cantarolando essa música...

HOJE EU QUERO SAIR SÓ - LENINE
Se você quer me seguir, não é seguro
Você não quer me trancar num quarto escuro
Às vezes parece até que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só
Você não vai me acertar à queima roupa
Vem cá, me deixa fugir, me beija a boca
Às vezes parece até que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só
Não demora eu tô de volta
Tchau, vai ver se eu tô lá na esquina, devo estar
Tchau, já deu minha hora e eu não posso ficar
Tchau, a lua me chama, eu tenho que ir pra rua
Tchau, a lua me chama, eu tenho que ir pra rua
Hoje eu quero sair só...